A tomada de decisão: conheça a historia e descubra seu estilo

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Li o artigo "Uma breve história da tomada de decisão" publicado no site da Harvard Business Review Brasil.

Faço aqui um resumo, com a minha interpretação sobre o artigo, e citando pontos que chamaram a minha atenção sobre a tomada de decisão, e portanto os itens abaixo foram tirados da matéria da HBR Brasil.

Recomendo muito a leitura completa do artigo da HBR Brasil, escrito por Leigh Buchanan e Andrew O'Connel, que pode ajudá-lo na descoberta do seu próprio estilo de tomada de decisão.

Parte I - A HISTÓRIA

Primeiro: Quem inventou o termo "tomada de decisão" ? O termo tomada de decisão foi inserido pelo executivo Chester Barnard que foi gestor na companhia de telefones Bell durante quarenta anos.

Segundo: A tomada de decisão está diretamente ligada a incerteza, e diante dela, nos primordios o homem buscava a orientação nos astros. E de lá para cá novas ferramentas foram desenvolvidas até os dias atuais, com gestão de risco e simulação de processos cognitivos.

Terceiro: Os processos atuais mostram que o custo de reunir informações permite que os executivos tomem boas decisões, inclusive contrárias aos interesses economicos.

Quarto: Novos estudiosos passam a valorizar também as decisões instintivas, tomadas num piscar de olhos. De acordo com o artigo da HBR "na ausencia de emoção é simplesmente impossível decidir".

Quinto: "Definição de políticas pode ser algo interminável, e sempre vai haver recursos a alocar. Já decisão implica o fim das deliberações e o inicio da ação." William Starbuck, Charles H. Lundquist College of Business, University of Oregon.

Sexto: "A vida é soma de todas as suas escolhas", Albert Camus. E conforme explicado no artigo, extrapolando "a história equivale à soma de todas as escolhas da humanidade"

Setimo: O estudo da tomada de decisão é a mescla de várias disciplinas como matemática, sociologia, psicologia, economia e ciencias politicas. Por exemplo a filosofia na tomada de decisão revela nosso eu e valores. A história revela as decisões tomadas por lideres em momentos críticos.

Oitavo: Uma boa decisão não garante um bom resultado. Quais são nossas limitações ? Segue alguns exemplos: circunstancias complexas, tempo restrito, poder mental de computação inadequado, formulação errada de questões, conhecimento limitado e excesso de otimismo.

Nono: Já que não é possivel ser perfeito nas decisões, busca-se ao menos decisões aceitáveis.

Décimo: Quais são as sugestões para tomadas de decisão aceitáveis ? De acordo com Gerder Gigerenzer transformar a limitação de tempo e conhecimento em virtude, e aplicar o raciocínio rápido e frugal. Mas de acordo com Amitai Etzioni, é proposto a tomada de decisão humilde, um conjunto de táticas incluindo tentativas, postergação e proteção.


PARTE II - UM NOVO CHÃO

Primeiro: Em qualquer decisão há risco, e nas empresas este risco é enorme. Até a situação em que "todos ganham" traz custos de oportunidade devido a caminhos não tomados.

Segundo: Para tomar uma boa decisão a empresa precisa calcular e administrar o risco. Seculos atrás a gestão do risco consistia na fé, esperança e palpite. Entretanto o risco é um jogo matemático e só tomou forma quando o homem passou a dominar melhor a matemática.

Terceiro: fatos marcantes sobre a gestão do risco e a matemática
a) O sistema indo-arábico - incluía o zero.
b) Na renascença - Girolomo Cardano, refletiu sobre a probabilidade criando problemas a partir de jogos de azar.
c) 1494 - Luca Pacioli propos o problema dos pontos: como dividir o premio num jogo encerrado antes do fim.
d) Por volta de 1650 - Blaise Pascal e Pierre de Fermat, acharam a probabilidade de cada resultado possivel em um jogo simples.
e) Por volta de 1800 - Daniel Bernoulli passou a estudar eventos aleatórios, não se concentrando apenas nos eventos mas nos seres humanos que desejam ou temem certos resultados em maior ou menor grau. Sua meta: criar instrumentos matemáticos para estimar suas chances em qualquer empreitada de risco considerando circunstancias financeiras especificas.
f) Século 19 - Carl Friedrich Gauss aplicou seus estudos geodésicos e astronomicos na curva em sino da distribuição normal.
g) Século 19 - Francis Galton, formulou o conceito de regressão a média estudando várias gerações de ervilhas.
h) 1921 - Frank Knight fez a distinção entre risco (quando a probabilidade de um resultado é determinável) e incerteza (quando a probabilidade é desconhecida).
i) Por volta de 1940 - John von Neumann e Oskar Morgens lançam a base da teoria dos jogos, onde a decisão de alguém é influenciada por decisões desconhecidas de outras pessoas.

Quarto: Nem séculos de matemática dão conta do recado. Segundo abordado pelo escritor G.K. Chesterton: "A vida é uma cilada para a lógica, sua imprevisibilidade está sempre a espreita."

PARTE III - AS MENTES SE UNEM

Primeiro: De acordo com o artigo "Chegamos a nobre idéia de individuos reunindo sua sabedoria e refreando os respectivos egos para tomar decisões aceitáveis e justas para todos".

Segundo: Partimos para a atuação em grupo: Popularidade das equipes de alto desempenho, novas tecnologias colaborativas, reforço do ideal coletivo, "impossivel para qualquer homem ser uma ilha".

Terceiro: Kurt Lewin, descobriu que era maior a probabilidade de que alguém alterasse hábitos alimentares se discutisse o tema com outros, do que se ouvisse palestras sobre nutrição.

Quarto: A teoria de Kurt Lewin: Os atos do indivíduo são em parte fruto do contexto social, mesmo membros de um grupo com perspectivas altamente distintas agirão em conjunto para atingir um objetivo comum.

Quinto: Peter Drucker sugere que a decisão mais importante talvez não seja aquela adotada pela equipe em si, mas pela diretoria ao resolver que tipo de equipe adotar ...

Sexto: Aparece o lado negativo da tomada de decisão coletiva. Uma decisão ruim nasce da falta de combinação adequada de elementos e questionamentos.

Setimo: Consenso é algo bom, exceto se atingido com muita facilidade, neste caso torna-se suspeito.

Oitavo: 1972, Irving Janis cria o termo "groupthink", descrevendo "um modo de raciocínio adotado por individuos profundamente envolvidos num grupo coeso, quando o desejo de unaminidade supera a motivação a avaliar de modo realista rotas alternativas de ação".

Nono: Tudo indica que decisões exigem um grupo dinamico. Clarence Darrow propõe "Pensar é divergir".

PARTE IV - A COMPUTAÇÃO

Primeiro: Por volta de 1950, Carnegie Institute of Technology em Pittsburgh, um grupo de pesquisadores cria a base conceitual para a tomada de decisão auxiliada pelo computador. Dentre eles: Herbert Simon, Allen Newell, Harold Guetzkow, Richard M Cyert e James March mais Marvin Misky no MIT e John Mcarthy em Stanford. São os primeiros modelos informatizados da cognição humana - o embrião da inteligencia artificial.

Segundo: Nas décadas seguintes gestores de diversos setores aplicaram a tecnologia a decisões sobre investimentos, preços, publicidade e logistica. Mas a tecnologia era mais burro de carga do que corcel de batalha.

Terceiro: 1979, John Rockart publica o artigo "Chief Executives Define Their Own Data Needs". Surgem os sistemas de informação voltados a aprimorar a tomada de decisão estratégica na cúpula da empresa.

Quarto: 1980, a Gartner Group cunha o termo "business intelligence" para sistemas voltados a aprimorar a tomada de decisão entendendo o universo da empresa.

Quinto: Preocupação maior com riscos e a utilização de sistemas complexos de simulação para avaliar vulnerabilidades e oportunidades.

Sexto: A tomada de decisão encontra um novo cliente: o consumidor. A internet que a principio traria um maior poder de venda, trouxe ao consumidor mais poder para decidir.

PARTE V - CORAÇÃO DE LEÃO

Primeiro: Jack Welch "straight from the gut", que não significa liderança visceral ao pé da letra, pois "gut" aqui refere-se as girias, "gut" como resposta emocional, e "guts" como firmeza e coragem. Também interpretado como "Coração de Leão", o instinto aparece em alta.

Segundo: Quem usa o instinto é mais admirado pela coragem do que pela qualidade da decisão tomada.

Terceiro: A decisão intuitiva é a prova da confiança de quem a toma.

Quarto: Decisões viscerais são tomadas em momentos de crise, quando não há tempo para pesar argumentos e calcular a probabilidade de cada desfecho, quando há situações sem precedentes e carentes de dados objetivos.

Quinto: Uma pesquisa feita por Jagdish Parikh (ex-aluno da HBS), verificou que os entrevistados usavam tanto a intuição quanto a capacidade analítica, embora atribuissem 80% do sucesso ao instinto.

Sexto: O instinto é algo pessoal e intransferivel, o que aumenta seu valor se for certeiro.

Setimo: Embora haja o poder do instinto, poucos tomadores de decisão vão ignorar os fatos se tiverem acesso a eles. Mas a maioria sabe que em certos momentos faltará a informação e terá que apostar no instinto.

Oitavo: Surgem novos estudos que verifica que a intuição pode até ser treinada, como sugerido por John Hammond, Ralph Keeney, Howard Raiffa e Max Bazerman, entre outros.

Nono: Peter Senge explica em "A Quinta Disciplina": "Individuos com alto nivel de dominio pessoal (...), evitam escolher entre a razão e a intuição ou entre a cabeça e o coração, assim como não preferem caminhar com uma perna só ou ver com um olho só."


E o artigo da HBR completa: "Afinal piscar fica mais fácil quando usamos os dois olhos. E a fitada longa e penetrante também."

Referencias:
"Uma breve história da tomada de decisão" por Leigh Buchanan e Andrew O'Connel, Harvard Business Review Brasil.

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