Eu gosto muito de ler e tenho inclusive a mania de ler noticias velhas. Na minha familia quando gostamos de uma reportagem guardamos a revista para ler no futuro, pois a interpretação é sempre diferente. Bom, durante o carnaval eu estava hospedada na casa da minha irmã, e encontrei a edição 80 da VoceS/A de fevereiro de 2005, isso mesmo, cinco anos atrás. Nesta edição tem uma reportagem chamada "Idéias que dão lucro" que retrata como nasceu o bordão "Quer pagar quanto" das Casas Bahia. Segundo a reportagem a agência de propaganda verificou na época, que para a Classe C o vizinho é muito importante, e por isto escolheram um garoto propaganda que se parecesse com um amigo de bairro que veio lhe trazer uma boa noticia.
Bom, li mais algumas reportagens na revista e depois passei a ler um livro chamado "Reflexões sobre a fé e o lucro" de 2006, com a edição brasileira de 2009. Minha outra mania é abrir um livro sem necessariamente seguir a ordem dos capitulos, e encontrei neste livro o capitulo 19 "Boas cercas fazem bons vizinhos", que me chamou a atenção de novo, pois voltava a falar sobre vizinhos. O capítulo retrata que as diferenças não se restringem a raça, idade e gênero, mas incluem diferenças mais subjetivas, como valores pessoais, crenças e escolhas de modos de vida, e que muitas vezes a cerca que separa também une as pessoas em torno de interesses em comum.
Com estas duas informações na cabeça passei a refletir sobre a era digital, e voltei a 2010 para analisar para onde fomos após 5 anos. Percebi que em 2010 meus vizinhos estão por toda parte: no meu prédio, no meu bairro, na igreja, no trabalho, no Facebook, no FarmVille, no CafeWorld, no Twitter, no Plaxo, no Buzz, no LinkedIn, no Blog, e eles influenciam meus hábitos de consumo de uma forma que não posso medir.
Seja na discussão sobre o iPad, sobre a Microsoft ou sobre entretenimento, vejo que é muito mais difícil em 2010 identificar um garoto propaganda que atenda a toda uma classe ou segmento, pois as pessoas que usam a Internet navegam por vários grupos conforme o assunto do seu interesse. Adicionalmente, as empresas dispõem atualmente de mais informações, o que permitirá no futuro personalizar o seu garoto propaganda.
Na minha opinião, a era digital fortalece os interesses comuns que une as pessoas, independentemente das diferenças, sejam elas de renda, idade, gênero, nacionalidade ou localização dos seus consumidores. E acredito que o marketing da era digital se baseará nos interesses em comum e não mais nas segmentações das diferenças.
Referencias:
Voce S/A - http://vocesa.abril.com.br/edicoes-anteriores/2005.shtml
Reflexões sobre a fé e o lucro - http://www.escala.com.br/detalhe.asp?id=11025&grupo=64&cat=295
Oi Dani,
ResponderExcluirInteressante seu raciocínio e o engraçado é que hoje lí um artigo(cheguei a recomendar a leitura no Twitter) sobre o bloqueio da internet nas empresas. Em tempos de Web 2.0, de tudo isso que você bem relatou no seu post as empresas ainda não acordaram para o poder que elas tem nas mãos. A analogia do post que lí era bem interessante e colocou essas empresas com pensamento escravagista, ou seja, tratam o funcionário como um escravo e tira-lhe toda e qualquer chance de criação que tem. Ou segue essas regras, ou nada feito. Se as empresas olhassem com cuidado essas questões e ao invés de bloquear, tratar a coisa com educação e mudança de cultura, aumentaria consideravelmente a produtividade e mais, o contato com o cliente ficaria mais aberto. Como você colocou em seu post, hoje temos vizinhos por todos os lados e mantemos contato com todos eles. Ao entrar em uma empresa com ideologia antiga, é como se ela botasse uma cerca em volta. E sabemos que hoje, ninguém mais vive isolado e quanto mais comunicação, melhor. Haja visto o poder que uma ferramenta "boba" trouxe para o mundo dos negócios e marketing, que se chama Twitter! ;-)
Excelente reflexão!
Parabéns!
Beijos!
Ed.